Ovo é um ingrediente versátil. Pode ser protagonista de um prato principal, como omelete, ou item complementar de diferentes receitas, como bolos e massas. Um alimento tão complexo e de baixo custo é figurinha repetida no prato do brasileiro. Segundo as projeções da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em 2020 a média nacional de consumo de ovos foi 250 unidades por pessoa durante o ano. Mas você sabe qual é a quantidade certa a ser consumida? E qual a diferença entre os ovos claros e escuros? Para responder essas e outras perguntas, o Portal da Band conversou com uma especialista no assunto.
Rico em proteínas, cálcio, magnésio, retinol, gorduras insaturadas e ferro, o ovo traz benefícios diversos, da unha até o sistema imunológico, mas a quantidade recomendada pode variar. “Se você é uma pessoa saudável, pode comer dois, dependendo do restante da alimentação, até quatro ovos por dia”, recomenda a nutricionista Bruna Pompílio. Porém, se tiver problemas de saúde, principalmente alguma dislipidemia ou colesterol alto, o indicado é se atentar ao consumo e procurar um especialista.
Por que existem ovos brancos e ovos vermelhos?
A cor do ovo se dá pelo tipo e coloração da galinha. Galinhas com penas brancas dão ovos brancos ou com a tonalidade azulada e esverdeada. Já galinhas de penas em tom bege, marrom e vermelho dão ovos mais escuros, comumente chamados de “ovos vermelhos”.
Alguns estudos indicam que a versão branca tem levemente menos nutrientes que os demais, mas nada muito significativo. “Todos têm níveis bons de cálcio, ferro, magnésio e colesterol", detalha a nutricionista.
Segundo a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos, dois ovos de galinha inteiros, cozidos por 10 minutos, possuem a seguinte composição nutricional: 146 calorias, 13,3 g de proteínas, 9,5 g de gorduras, 397 mg de colesterol, 0,6 g de carboidratos, 49 mg de cálcio, 11 mg de magnésio, 1,5 mg de ferro, 2,9 g gordura saturada, 3,8 g de gordura monoinsaturada e 1,1 g de gordura polinsaturada.
Orgânico, caipira ou de granja?
Ovo da granja
Independentemente das espécies, galinhas que vivem em granjas conseguem produzir mais ovos. Como esses animais vivem com nutrição e em condição que aceleram esse processo, o custo final é menor para o consumidor.
Vale dizer que, antigamente, era muito comum o uso do método de galinhas em gaiolas, mas tem se popularizado a técnica de galinhas “livres de gaiolas”, onde elas conseguem circular pelo espaço. Isso aumenta a qualidade de vida do animal e diminui a produção do ovo.
Ovo caipira
Há quem acredite que os ovos caipiras são sempre beges e avermelhados, mas isso é um mito. Como os consumidores costumam procurar por essa característica na hora de comprar, os produtores priorizam galinhas de penas escuras. Segundo o livro “Avicultura Caipira”, da pesquisadora Helenice Mazzuco, do Núcleo Temático de Produção de Aves, da Embrapa Suínos e Aves, não é a cor ou tamanho do ovo que define um ovo ser caipira. Os critérios de produção das aves, como alimentação, manejo e higiene, é que definem a designação do tipo de ovo.
Galinhas caipiras são criadas soltas. De acordo com a legislação, a ração oferecida para elas deve ser 100% vegetal, sem aditivos de cor artificial, além de animais e vegetais que encontram no campo. Elas vivem na natureza, consomem mais betacaroteno presentes em vegetais e botam ovos de gemas mais alaranjadas. Por terem uma criação mais livre, produzem menos, o que gera um leve aumento nos preços do produto no mercado.
Ovo orgânico
Onde entra o ovo orgânico na fila dos ovos coloridos? A principal diferença se dá pela criação da galinha, focada no bem-estar animal. Galinhas orgânicas são alimentadas com ração orgânica, sem agrotóxicos, hormônios, antibióticos e aditivos químicos. Com isso, o custo final do produto é maior para o consumidor.
A galinha orgânica só recebe tratamentos homeopáticos e fitoterápicos e vive em espaços mais adequados, com luz natural em regimes de semi-confinamento ou confinamento. Galinhas que vivem em granjas, por exemplo, passam a maior parte do tempo em luz artificial e confinadas em espaços pequenos.
De acordo com Bruna, sso não causa significativas diferenças nutricionais, tornando o ovo orgânico muito melhor que o branco ou marrom. “Os ovos orgânicos têm um pouco mais de proteínas, ferro e retinol (que é a vitamina A). Além disso, eles possuem um pouco menos de colesterol que o ovo branco comum. O maior benefício mesmo desses ovos é que eles contribuem para o bem-estar animal”, completa.
Gemas amareladas ou alaranjadas?
O que dá pigmentação à gema é a presença de betacaroteno. Ele é o responsável pela cor de alimentos, como cenoura, caqui e manga. A partir desse pigmento antioxidante que se obtém, de forma natural, a vitamina A. Portanto, de acordo com a nutricionista, a ideia de que gemas mais alaranjadas são mais nutritivas é verdadeira. “A cor mais alaranjada é o betacaroteno, então quanto mais tiver, mais laranja fica. Consequentemente, tem maior teor de vitamina A, que é muito bom para a saúde dos olhos, da pele, também para a saúde do cabelo e do corpo em forma geral”, explica.
Os nutrientes da gema, como, por exemplo, o cálcio, magnésio e até a vitamina A, são influenciados pela espécie e condições de vida da galinha, como a criação, alimentação e outros fatores. Ainda assim, vale lembrar que isso não impacta agressivamente na quantidade de nutrientes de um ovo para o outro.