Vinicius Demian é uma das grandes apostas da coquetelaria popular brasileira. Desde 2022, ganhou o Bartender World Class, trabalhou no Le Syndicat, um restaurante 50 Best descolado de Paris, e, hoje, já em solo paulistano, pratica (e dita) tendências no Santana Bar, em Pinheiros.
"É viciante observar alguém degustar algo que você criou", confessa Demian. Aos 23 anos, o jovem que exibe um currículo impressionante está de volta ao Brasil com um novo olhar — mais afiado — para o universo da mixologia e entrega suas previsões em entrevista exclusiva para Band.com.br.
Brasileiro em solo europeu
Quando Demian se apaixonou pela arte da hospitalidade, já sabia que queria mais do que a reprodução de drinks clássicos — papel que ainda executa com primor no Santana Bar, casa intimista capitaneada por Gabriel Santana.
Começou como ajudante, sendo barback por um ano. Aprendeu a preparar uma boa caipirinha. Foi para atrás do balcão e criou coquetéis mais elaborados, como o Aromatis Martini, drink campeão da etapa brasileira do Bartender World Class, considerado um dos torneios mais importantes da profissão.
Foi com o DNA brasileiro, país que tem fama mundial de hospitaleiro, que o bartender nascido na Zona Norte de São Paulo decidiu desbravar a Europa. "Eu queria conhecer outras culturas. Até porque a coquetelaria não nasceu na América do Sul", relata o premiado.
Lá, trabalhou no badalado Le Syndicat, que integra a aclamada lista gastronômica The World's 50 Best Restaurants. Descobriu que a palavra "brasileiro" tinha um efeito instantâneo nos europeus — um sorriso iluminado — e teve a certeza de que era "mais brasileiro do que imaginava".
Voltei para estar mais perto nessa caminhada, quero ajudar a construir a coquetelaria brasileira
Coquetelaria popular brasileira
Um dos grandes feitos de Demian desde que voltou para o Brasil foi a criação do Explorer, ou Mango Jerry, um coquetel-abraço, como gosta de descrever, feito com absinto, cerveja e mandarim. Mas não parou por aí.
A próxima movimentação é identificar os insumos brasileiros que podem dominar a coquetelaria mundo afora, como a flor de jambu, muito infusionada em cachaças. "Vai ser interessante quando o mundo conhecer esse ingrediente. Precisamos expandir essas iguarias", afirma o mixologista.
Outra onda que Demian está surfando é a dos mocktails, drinks não-alcoólicos. "É um desafio para todos os bartenders, talvez como foi para os chefs criarem menus veganos em algum momento, mas é possível fazer bons coquetéis sem álcool", garante o especialista.
Um drink sem álcool não precisa ser um suco ou ou um refrigerante, ele também deve ser um coquetel elaborado e será cada vez mais uma demanda
Isso porque o bar representa muito mais do que um local para consumir bebidas alcoólicas. É também um momento de lazer, de troca, uma experiência que ultrapassa a simplicidade de estar alcoolizado. E Demian entende que essa sensação de pertencimento pode estar acompanhada de bons drinks — sem álcool.