Quem nunca comeu sorvete direto do pote ou tomou um refrigerante no gargalo e percebeu que a comida azedou um pouco mais tarde? Sim, isso acontece. Este processo de azedamento, acontece por conta do contato do talher com as enzimas salivares e pode, inclusive, auxiliar em contaminações cruzadas.
A nutricionista Joyce Rouvier, da Clínica Regenerati, explica que a saliva contém amilase, substância produzida para auxiliar na quebra de amido, um tipo de carboidrato. Esta enzima, em contato com os alimentos, realiza um processo químico de pré-digestão e, por conta disso, os alimentos que ficam em contato com a saliva azedam após um tempo. Isso acontece não apenas quando consumimos alimentos direto do recipiente, mas também quando ingerimos líquidos no gargalo, como refrigerantes, sucos e iogurtes.
Outro ponto importante sobre o uso do mesmo talher para comer e servir é a contaminação cruzada. “A saliva contém inúmeras bactérias, e cada microbiota e cada variedade de microrganismo é única, ou seja, uma mesma bactéria pode não causar nada para uma pessoa, porém trazer doenças e problemas de saúde para outra”, explica Joyce.
Assim, é importante entender que embalagens maiores de alimentos são feitas para compartilhar, porém devem ser servidas separadamente, respeitando o utensílio utilizado para servir e não causar contaminações. Caso contrário, pode azedar alimentos e desperdiçá-los. Por estes mesmos motivos, é indicado que, quando uma pessoa estiver cozinhando, ela não utilize a colher para mexer para experimentar, sendo melhor usar uma nova ferramenta ou pingar um pouco do alimento nas costas da mão devidamente limpa para provar.
Como a língua identifica sabores?
A língua possui a capacidade de identificar os quatro tipos de sabores existentes: doce, salgado, amargo e azedo. Estes reconhecimentos são feitos por meio das papilas gustativas, receptores sensoriais do paladar presentes na língua.
Por muito tempo, aprendemos que cada um dos quatro sabores era perceptível por uma parte da língua, porém, estudos mais recentes, realizados por cientistas químicos-sensoriais, identificaram que todos eles são sentidos não só por toda língua, como também pela epiglote e palato-mole.
As papilas recebem os alimentos, sendo estimuladas e desencadeando um impulso nervoso que é levado até o sistema nervoso central, onde é interpretado. Algumas doenças que afetam o sistema nervoso podem afetar a percepção dos sabores, assim como aconteceu com diversos pacientes vítimas de covid-19.