Quem nunca ouviu falar que se alimentar de três em três horas é o ideal para manter alimentação e saúde em equilíbrio? Essa regra está enraizada na maioria das pessoas, mas segundo a nutricionista Michelle Abreu isso não passa de um mito.
Essa premissa foi disseminada pela indústria alimentícia, que passou a financiar estudos sobre o tema com o intuito de aumentar as vendas de produtos industrializados em forma de lanches.
A especialista explica ainda que não existe evidência científica – do ponto de vista metabólico – que o intervalo entre refeições depende de cada indivíduo. “É uma questão muito individual, há pessoas em que a mentalidade de fixar horários rígidos para se alimentar pode causar estresse e ansiedade, gerando uma relação ruim com a comida, se tornando, inclusive, gatilho para compulsão alimentar”, explica.
Contudo, Michelle ressalta que ficar longos períodos sem se alimentar, de fato, pode gerar fome e, com isso, ficarmos menos seletivos em relação ao que comer. Em português claro: é fazermos opções erradas de alimentação, optando por itens industrializados, lanches mais fáceis, doces, entre outros. “Quando estamos com muita fome, acabamos escolhendo pelo que há de mais rápido e mais fácil, o que na maioria das vezes não é a opção mais saudável. Outro ponto importante é que quando estamos com muita fome, temos a tendência de comer muito rápido e, com isso, comemos muito mais que o necessário”, diz.
“A fome excessiva pode causar descontrole na alimentação, pode ser gatilho para compulsão alimentar, além de poder causar crises de hipoglicemia pela baixa quantidade de glicose no sangue, podendo causar até desmaios, fraqueza, tontura, dificuldade de concentração”, completa.
Fome física x fome emocional
Muito se confunde entre as sensações de fome, saciedade e ansiedade. “O ideal seria comermos no início da fome e pararmos quando ela fosse saciada e não, necessariamente, quando nos sentirmos cheios”, explica Michelle.
Anote aí: a fome física tem sintomas, como ruído do estômago, dificuldade de concentração, irritação e gosto ruim na boca. Em contrapartida, a fome emocional pode estar associada a sintomas emocionais, como tristeza, frustração, estresse e ansiedade.
Por fim, vale ressaltar, também, que sede e desidratação podem provocar sensação de fome. Isso porque o hipotálamo é responsável tanto pelo controle da fome, quanto da sede e, às vezes, as sinalizações se confundem. “Se um indivíduo bebe pouca água, o cérebro entende que não adianta sinalizar sede e acaba sinalizando fome, uma vez que a alimentação é uma forma do nosso corpo obter água”, diz a nutri. “Então, é muito importante que no manejo da fome o consumo de água seja adequado”, finaliza.