No bairro da Liberdade, centro de São Paulo, um prédio com uma fachada diferente chama a atenção. A imagem da militante palestina Leila Khaled, em meio a diversos lambes e colagens, já dá uma premissa de quem mora no edifício. A Ocupação Leila Khaled abriga famílias de imigrantes sírios, palestinos, libaneses, iraquianos, bolivianos e até brasileiros. O Minha Receita visitou o espaço, que foi a primeira casa de Ahmad Hajir, chef do Cardamomo, quando chegou ao País em 2015.
O nome da ocupação homenageia a militante palestina Leila Khaled, famosa nos anos 70 por participar das ações da Frente Popular para a Libertação da Palestina. Em 1969, Leila e um colega da organização desviaram um voo que saía de Roma para Tel Aviv, forçando a nave a descer em Damasco, na Síria. Todos os passageiros foram libertos e saíram ilesos, mas o caso chamou a atenção da mídia na época, principalmente pela figura de Leila, a primeira mulher a sequestrar um avião. Hoje, ela virou símbolo da resistência palestina e integra o Conselho Nacional Palestino.
O local abriga imigrantes palestinos, grupo que por vezes é duplamente refugiado. Como o caso do Ahmad Hajir, que no segundo episódio da nova temporada do Minha Receita preparou um maqluba para o chef Jacquin. Ahmad já nasceu um refugiado palestino, desde que sua família saiu de sua terra natal, em 1948, e se mudou para a Síria. Em 2015, em meio à guerra civil no país, Ahmad veio para o Brasil onde foi acolhido na ocupação.
Além de teto para dezenas de pessoas, a ocupação Leila Khaled também funciona como espaço cultural, no início oferecendo aulas de português de reforço para estrangeiros. Hoje, também é casa do Rap Combate, que combina o estilo musical do hip hop com as artes marciais, em aulas ministradas também por moradores imigrantes. “Juntamos o Rap Combate que é as lutas marciais com a casa de hip hop, para agregar na luta por moradia e na luta pela causa palestina, uma bandeira importantíssima que a gente milita e aprende”, comenta o instrutor e músico Lele Di Função.