Na cidade de Camaçari, na Bahia, fica o Terreiro Unzo N'Ganga Kuatelesa Ninza. Ali nasceu a Culinária de Terreiro, curso da cozinheira e pesquisadora Solange Borges. “É para as pessoas entrarem num terreiro e verem que não tem nada demais. Terreiro de Candomblé é um lugar de paz, é um lugar sagrado. Queremos conversar com as pessoas, que elas tirem dúvidas”, explica ela no Minha Receita.
Ali, alguns ingredientes são carro-chefe, como dendê, coco e arroz, principalmente o doce. Solange explica que, para fazer a sobremesa só pode ser usado arroz branco porque comidas brancas carregam o simbolismo de prosperidade, riqueza e vitória. Além disso, a receita também leva açúcar, coco ralado e um toque especial: “em vez de jogar o cravo e canela, faço um chá com eles para dar o sabor”, explica.
Oferenda significa agradecimento. E nos terreiros são preparadas comidas específicas para cada orixá, com um ritual rigoroso. Pela tradição, uma mulher iniciada nos ritos e com boa mão, é escolhida para cozinhar. Nesse caso, a Solange. “Nós viemos de onde? De matriz africana. Então desde lá que nosso pessoal vem ensinando. Minha mãe faz parte das minhas primeiras lembranças. A tradição é muito matriarcal no Candomblé”, diz.
Quando os pratos ficam prontos, são oferecidos aos orixás acompanhados de cantigas e rezas. No final da celebração, a comida vira de todos num banquete que alimenta o corpo e o espírito.