Se a feijoada não fosse preta, por causa do feijão, com certeza ela seria verde e amarela. A receita é tão brasileira que foi, justamente, a escolhida para estrear o Minha Receita, programa que foi ao ar nesta quinta-feira, 08, na Band, e vai promover – em 10 episódios – a culinária de norte a sul do País.
A versão popular da origem da feijoada é que ela nasceu com os escravos, que cozinhavam os restos dos porcos servidos aos seus senhores. Mas, há controvérsias para a versão, já que, antigamente, pé, orelha e rabo de porco eram considerados iguarias.
Sem falar que os índios brasileiros já cozinhavam feijões em potes de barro quando os colonizadores portugueses chegaram por aqui. A feijoada brasuca, então, tem ‘pratos primos’ no mundo inteiro: a Transmontana, em Portugal, a Cachupa, em Cabo Verde e o Cassoulet, na França do chef Jacquin.
Agora, o feijão preto, esse, sim, é orgulho local e nativo da América do Sul. O primeiro registro de uma feijoada com feijão preto é de 1833. O prato foi servido no restaurante Theatre, no Recife (PE), e ganhou o nome de feijoada brasileira, com mais carnes, arroz e laranja. Na metade do século 19 a feijoada passa a ter a cara de hoje.
Quem é expert em rastrear a história da feijoada é o antropólogo Carlos Alberto Doria, que cita (acredite!) a China como a verdadeira origem do prato. “Não é verdade que a feijoada já havia sido criada na senzala por uma razão muito simples: ela não compunha a dieta dos escravos. Muito provavelmente, os portugueses aprenderam com os chineses, porque são eles quem ainda gostam das partes que se movem dos animais, rabo, pé e por aí vai...”, diz ele.
E por que, então, a feijoada virou um prato brasileiro por excelência? Carlos Alberto explica: “Em torno dela os modernistas representaram uma unidade nacional, representaram a convergência de índios, negros e brancos, enfim, a ideia de miscigenação na cozinha”. “A feijoada brasileira é uma espécie de hino nacional culinário”, finaliza.