Comida de rua é um conceito tão antigo que é de se perguntar se as ruas não foram criadas em volta das barraquinhas. Mas como tudo isso surgiu? Os antigos egípcios e gregos já eram adeptos à essa cultura, mas foi com os romanos que ela se tornou popular. Tanto que Roma chegou até proibir que se cozinhasse em casas pequenas pelo risco de incêndio, assim mostrou o Minha Receita.
No Brasil, os escravos vendiam comida na rua para ganhos dos seus senhores, e os alforriados também encontraram aí uma fonte de renda. Foi assim que em Salvador e no Rio de Janeiro mulheres com tabuleiros, conhecidas como quituteiras, começaram a fazer parte do cotidiano das cidades. Essas ex-escravas se juntaram para fazer a comida solidária que mudou a gastronomia do País.
O surgimento das comidas de rua também está diretamente ligado ao processo de urbanização. Sua popularização tem um sentido muito prático, de gerar emprego e diminuir o deslocamento.
“Isso existe por conta da globalização que vem desde o pós-Guerra, da ideia de que time is money [tempo é dinheiro], que é preciso produzir, trabalhar e não há tempo para se deslocar. O deslocamento é algo muito complicado. Com o passar dos anos, você não tem mais tempo de voltar para a sua casa para almoçar. Isso vai se perdendo, então a comida de rua se torna uma alternativa, explica a professora e pesquisadora Camnila Landi.
Até o chamado “rapa”, feito por equipes de fiscalização, também não é uma invenção recente. Há reclamações contra ambulantes desde, pelo menos, o século 18. Ainda que alguns reclamem, fato é que não há como frear essa tradição que une a fome com a vontade de vender comida.
Segundo a professora de gastronomia Paola Biseli, até pouco tempo atrás a comida de rua não era consumida pela elite paulistana. “Não era chique e seguro comer na rua. Hoje em dia a gente tem uma mudança de comportamento. Veio a onda dos food trucks, que mudaram a cultura e forma como a comida de rua pode ser vista por todas as classes sociais.”